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Numa única manhã de inverno em 1985, Anacleto Vianna - o boêmio, mulherengo, mestre do jogo e decadente Teteco - tem uma longa "conversa com o Senhor" onde revê acontecimentos marcantes de sua vida, entre um cochilo e outro. Narrado de forma magistral, em vaga analogia com seu antológico companheiro de ficção James Joyce, este romance de estreia de Adalberto Cardoso já sai com a garantia de lugar cativo entre os grandes expoentes de prosa poética da Literatura Brasileira.
Duas histórias correm paralelas, ambas com 11 capítulos numerados de 1 a 11. Numa, dois amigos conversam pelo telefone sobre a dificuldade de o protagonista publicar seus romances. Eugênio Clarão escreveu muitas histórias, "quase tanto quanto Balzac", ele diz a seu amigo Josué. Ao longo das conversas descobrimos que Josué vem intermediando a relação de Eugênio com editoras do Brasil e da Inglaterra, visando a publicação dos romances. Somos brindados com pareceres de avaliadores diversos, todos elogiando a qualidade literária dos textos mas, ao final, não recomendando a publicação pelas editoras. Um porque julga que o romance, apesar do valor literário, é "hermético"; outro critica sua linguagem "rebuscada", outro considera a história pouco atraente para o grande público etc.. Por meio dos pareceres entramos no mundo literário de Eugênio, sua inventividade e abertura, em tudo antípodas de sua reclusão num quarto soturno no interior do Brasil. A história tem um final surpreendente, porque só ali descobrimos que foi alinhavada pela traição, A história paralela também traz um romancista que nunca publicou seus muitos romances, algo que descobrimos apenas ao final. Ao contrário da outra história, tem um narrador, que conta o intenso encontro casual entre o personagem principal (Marco Antônio Pontual) e a filha de um amigo de infância (Alma Flor). Provocado por um acidente automobilístico numa cidade do interior do Brasil, o encontro traz à memória dos dois fragmentos de vida que eles não sabiam que compartilhavam, coisas que, a custo, Alma Flor consegue arrancar à alma dilacerada de Marco Antônio no restaurante para onde se dirigem depois de se desvencilharem da burocracia policial do pós-acidente. Exercício de rigor literário do narrador, que se coloca do ponto de vista de Marco Antônio e vive suas angústias, travas, desejos e recalques enquanto Alma Flor se abre para ele, é uma história de doação, generosidade e frustração, como algumas que Eugênio Clarão talvez tenha escrito. Ao final não sabemos qual dos dois escreveu qual história, por isso a imagem das mãos de Escher, uma desenhando a outra. A arte como ilusão, ou como ilusionismo. Ou como uma representação infiel, mas misteriosa e sedutora, da vida.
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