Bag om Contos Tradicionais do Povo Português - I
Os contos tradicionais são imensamente simpáticos às crianças, e já Platão os considerava como um excelente meio de educação. No seu tratado da República escrevia: "Tu não sabes que os primeiros discursos que se dizem às crianças são fábulas!... Consentiremos que elas ouçam toda a casta de fábula forjada pelo primeiro que se aproxima? Recomendaremos às amas e às mães para só contarem aquelas que forem escolhidas e servirem-se delas para lhes formar as almas com mais cuidado do que o que empregam em tratar-lhes dos corpos." Este emprego foi sempre seguido nas escolas greco-romanas, como se vê pela transmissão das fábulas esópicas, adotaram-no os pregadores da Idade Média nos sermões com exemplos, e ainda M.me De Beaumont o generalizou no fim do século XVIII. O intuito pedagógico desnaturou o conto com o exclusivo fim moral; perdeu-se a intuição da beleza tradicional, da singeleza popular, e a poesia espontânea do passado achou-se substituída pela invenção pedante dos mestres. Só depois da renovação da pedagogia como ciência aplicada da psicologia, é que os contos tradicionais e os jogos infantis foram considerados como elementos de educação, aproveitando antes de tudo as primeiras curiosidades do espírito e a coordenação dos movimentos.
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