Bag om A Mulher Fatal
"- Cala-te, que me matas! Perdi-me... não sei por quem!... O céu ou o inferno que to diga! O raio fulminou-me quando eu já cuidava que o berço de meu filhinho me fecharia a boca dos abismos. Eu tinha caído... Espantava-me da minha queda... A honra e o amor paternal levantavam-me pelos cabelos; mas o coração pesava-me para o fundo da voragem, e atirava-se às garras duma infernal voluptuosidade que o espedaçava. Eu não posso dizer-te o que esta mulher fez da minha alma! Todos os meus instantes eram paixões que se abrasavam umas noutras. Eu tremia de respeito e amor debaixo dos olhos dela. Erguia-me desta abjeção por um instante, enquanto a minha razão ma mostrava... dez vezes perdida... dez vezes infamada... Oh!... Que despedaçadores ciúmes me deixava este instante de luz!... Ciúmes do seu passado atroz, ciúmes da formosa mocidade que ela trocou por carruagens, por brilhantes, pelos esplendores do escândalo... Tu compreendes que horror isto seja? Sabes o que é estar um homem a ver as manchas duma face adorada, e a querer lavar-lhas com suas lágrimas, e com o seu sangue? Sabes o que é o homem aceitar para si o desprezo, a desonra, o remorso, tudo, a ver se pode remir diante de seus olhos e de seu coração uma mulher, que nunca poderá, depois de contrita, apresentar-se ao mundo, e pedir-lhe perdão para o homem que lhe deu sentimentos bons e o instinto do bem? Compreendes isto?"
Vis mere